O que significa EMDR?

A sigla EMDR® significa: Eye movement desensitization and reprocessing ou Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares.

A Terapia EMDR é uma abordagem clínica, considerada um tratamento de nível “A” para o trauma, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (2013) para crianças, adolescentes e adultos.

Francine Shapiro, Ph.D. (Califórnia – EUA) desenvolveu o EMDR, há mais de 25 anos, baseada na observação clínica, na investigação controlada, na retroalimentação dos terapeutas que ela treinou e em estudos científicos e acadêmicos prévios sobre o processamento da informação.

Parte-se do princípio que nosso cérebro tem um sistema de processamento de informação, que assim como outros sistemas corporais, é naturalmente estruturado visando à saúde (por exemplo: uma ferida que se fecha e sara).

Quando uma experiência é processada com sucesso, seja ela positiva ou negativa, ela é armazenada de forma adaptativa, integrando-se com outras experiências semelhantes do próprio indivíduo ou de outros.

Porém, quando existe um estado elevado de perturbação, decorrente de experiências adversas de vida, ocorrem rupturas neste sistema de processamento de informações e resultam em memórias que são processadas de maneira inadequada e armazenadas de forma mal adaptativa.

As experiências traumáticas e as necessidades interpessoais, persistentemente negligenciadas durante períodos cruciais do desenvolvimento, podem produzir bloqueios na capacidade do sistema de processamento da informação para resolver eventos traumáticos perturbadores

Estímulos ou informações de situações presentes se conectam (inconscientemente) com experiências no passado, fazendo disparar uma reação no presente como se fosse a mesma experiência do passado.

No decorrer da Terapia EMDR, quando o reprocessamento é bem-sucedido, as memórias até então perturbadoras são neutralizadas e efetivamente integradas a outras experiências similares.

O que for útil é armazenado, ficando disponível para ser aproveitado em experiências futuras. Por outro lado, o que não for mais adaptativo é descartado.

DOENÇAS E PROBLEMAS PESQUISADOS EM POPULAÇÕES QUE FORAM TRATADAS COM A TERAPIA EMDR DE FORMA BEM SUCEDIDA:

  • Fobias (DE JONGH et al., 2002).
  • Transtorno de pânico (FERNANDEZ & FARETTA, 2017).
  • Transtorno de ansiedade generalizada (GAUVREAU & BOUCHARD, 2008).
  • Depressão (HOFFMAN, 2015).
  • Transtorno de Apego (ZACCAGNINO & CUSSINO, 2013).
  • Problemas de conduta e autoestima (SOBERMAN et al., 2002).
  • Dor e luto (SPRANG, 2001; SOLOMON & RANDO, 2007).
  • Distúrbio dismórfico de corpo (BROWN et al., 1997).
  • Disfunção sexual (WERNIK, 1993).
  • Pedofilia (RICCI et al., 2006).
  • Transtornos psicóticos (VAN DEN BERG et al., 2015).
  • Dor crônica (GRANT & THRELFO, 2002).
  • Enxaquecas (MARCUS, 2008).
  • Dor do membro fantasma (DE ROSS et al., 2010; SCHNEIDER et al., 2008).
  • Sintomas físicos inexplicáveis pela medicina (VAN ROOD & DE ROOS, 2009).

COMO FUNCIONA?

A Terapia EMDR é uma abordagem psicoterapêutica que compreende princípios, procedimentos e protocolos.

Utiliza-se um protocolo de 8 fases e 3 etapas: passado, presente e futuro.

No protocolo padrão de 8 fases, iniciamos com a queixa que o paciente traz, com o problema que ele quer resolver, por ex. dificuldade de falar em público.

Nesta 1ª fase vamos explorar seu passado em busca de lembranças que possam ser a origem desta dificuldade (quando começou, quando foi a pior lembrança relacionada a isso). Também vamos investigar os ‘disparadores no presente’, que são aquelas situações atuais onde ele encontra dificuldade (no trabalho, na escola, etc) e vamos desenvolver qual o comportamento ideal no futuro a respeito desta queixa.

Na 2ª fase fazemos uma preparação para iniciar o reprocessamento, explicamos como isso será feito e procuramos estabilizar o paciente emocionalmente. Instalamos recursos para ele saber se estabilizar sozinho quando necessário.

Na 3ª fase fazemos o que chamamos de ICES, ou seja, vamos escolher uma Imagem que represente a pior cena do alvo escolhido para ser trabalhado, qual a Crença negativa que a pessoa tem a respeito de si, qual a Emoção que essa lembrança provoca agora e onde está a Sensação corporal.

O ICES permite o acesso à rede de memórias onde vamos reprocessar as lembranças dolorosas .

Na fase 4, tendo em mente a imagem, a crença negativa e a sensação corporal, começamos a fazer os Estímulos Bilaterais, que podem ser por movimentos oculares, tátil ou auditivo, para promover o reprocessamento das lembranças dolorosas.

A partir daí começam as conexões com outras redes de memórias e o cérebro vai organizando, dessensibilizando, reprocessando e ressignificando essas memórias. O objetivo é que essas lembranças deixem de ativar reações emocionais e comportamentais disfuncionais no presente.

Utilizamos escalas para medir a evolução do processo, como a escala SUD (unidade subjetiva de perturbação) que vai de 0 à 10 e a escala VOC (validade da cognição) para medir a força da crença positiva que substituirá a crença negativa, Ex: Sou incompetente —- para: Sou capaz.

Tendo reduzido a zero o nível de perturbação, vamos para a

Fase 5 onde é feita a Instalação da Crença Positiva. A escala VOC vai de 1 à 7, sendo 1 totalmente falsa e 7 totalmente verdadeira (a crença positiva).

Na fase 6 é feita a checagem corporal, para ver se ainda tem alguma perturbação em nível físico e

Fechamos na fase 7.

A fase 8 é feita na próxima sessão uma reavaliação do alvo tratado anteriormente.

Sempre buscamos começar tudo isso pelo passado, depois trabalhamos os disparadores no presente e por fim, fazemos uma projeção para o futuro buscando um comportamento mais assertivo e adequado.

Na Terapia EMDR fazemos um Plano de Tratamento, de acordo com todas as queixas ou dificuldades apresentadas pelo paciente.

Vamos trabalhando cada alvo utilizando as 8 fases e 3 etapas.

Por trabalhar com o reprocessamento que se dá em nível cerebral e não através da cura pela palavra (como na maioria das terapias), o tempo da Terapia EMDR é bem menor que as outras abordagens e os resultados mais profundos e eficazes.